8.11.05

9. Portugal: do gótico ao manuelino


__ Catedral de Évora

__ Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha

__ Igreja de Nossa Senhora da Graça, Santarém

__ Convento do Carmo, Lisboa.

__ Igreja matriz de Olivença (actualmente em Espanha), portal manuelino.

__ Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, pormenor da abóbada da igreja.

__ Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, pormenor de uma das alas do claustro.
Em Portugal, os elementos da nova arquitectura, a gótica, foram aparecendo pela ordem seguinte: - 1.ª metade do século XIII: lenta introdução do estilo gótico, casos do Mosteiro de Alcobaça e do claustro da Sé de Coimbra, provavelmente por construtores estrangeiros; - 2.ª metade do século XIII e século XIV: período de maior estabilidade no território português, devido ao fim da guerra com os muçulmanos e ao desenvolvimento económico e urbano que se faz sentir, suscitando grande número de construções, por iniciativa dos reis ou dos nobres, e mesmo a remodelação de muitas igrejas românicas; destacam-se a Sé de Évora e templos ou mosteiros e conventos em Coimbra, Santarém, Tomar e Lisboa, além de outros no Norte do país; - Séculos XIV e XV: a época do florescimento do gótico em Portugal, correspondendo ao projecto do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, a igreja de N.ª Sr.ª da Graça, em Santarém, as catedrais da Guarda e de Silves e o Convento de N.ª Sr.ª do Carmo, em Lisboa; - Séculos XV e XVI: o gótico final ou manuelino, uma arte feita de muitos estilos (elementos góticos, renascentistas e mouriscos), originando um sentido ornamental muito específico, com elementos de heráldica régia aliados a formas naturalistas (fauna e flora marítimas); na arquitectura: as estruturas góticas essenciais mantêm-se, mas agora aliadas a novos conceitos de espaço e iluminação com preferência por igrejas de naves todas à mesma altura ou por igrejas-salão; novos elementos formais, estruturais ou decorativos, sobretudo na diversidade de tipologias de arcos, abóbadas e portais; gosto por uma decoração abundante e exuberante, barroquista mesmo, associada à arquitectura, e cuja temática decorativa tem como base motivos naturalistas de influência marinha, vegetalista, animais fantásticos, simbologia ligada à expansão de Portugal(Descobrimentos) e à heráldica régia (a esfera armilar, a cruz de Cristo, o escudo régio), tendo assim um objectivo propagandístico do poder imperial do rei e do país. Tendo em conta esta evolução do gótico em Portugal, pode-se concluir o seguinte: 1. o seu desenvolvimento tardio e prolongamento, através do manuelino, até ao século XVI, devido a uma situação de guerra prolongada que consumia recursos humanos e financeiros (pelo menos até cerca de 1249, quando se dá a conquista definitiva do Algarve); consequentemente, o Norte do país permanece enraizado ao estilo românico, por ser um território de colonização cristã mais antiga, enquanto que no Centro e Sul de Portugal, espaço de mais recente ocupação e onde não havia tradição construtiva cristã, os edifícios tendem a ser construídos com o novo estilo, o gótico; 2. foi uma arte monástica e rural e não tanto episcopal e urbana, dado o rei ter investido nas ordens religiosas e nas ordens militares para colonizarem e promoverem o desenvolvimento económico do território, que implantam os seus templos sobretudo no Centro e Sul; em meio urbano destacam-se os conventos das ordens mendicantes, nos arrabaldes das cidades, e algumas, poucas, catedrais (Évora, Viseu, Guarda, Silves); 3. maior simplicidade em geral: edifícios de dimensões mais modestas e de verticalidade menos acentuada; estruturas planimétricas e volumétricas mais simples, aproveitando muitas vezes estruturas românicas pré-existentes, dada a escassez de financiamento; com janelas mais pequenas e em menor número; quase dispensa o uso de arcobotantes, predominando o contraforte românico adossado; decoração menos rica e exuberante, reduzida e elementos vegetalistas e sem figuração.